Candomblé: Crenças e Rituais
O Candomblé é uma religião monoteísta que acredita na existência da alma e na continuidade da vida após a morte. A palavra “candomblé” significa “dança” ou “dança ao som de atabaques” e reverencia os orixás, que são cultuados através de rituais que envolvem danças, cantos e oferendas.
Diferenças entre Candomblé e Umbanda
Candomblé | Umbanda |
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Estrutura hierárquica rígida | Hierarquia mais flexível |
Mais de 5.000 anos de história | Surgiu no século XX |
Realiza sacrifícios de animais em rituais específicos | Não pratica sacrifícios de animais |
Incorpora apenas entidades, mas os orixás não falam nem dão consultas, apenas oferecem o axé (bênção) | Entidades encarnadas (espíritos que já viveram) dão consultas diretamente ao participante |
Somente o pai ou mãe de santo consulta através de oráculos como Ifá ou búzios | O sacerdote não precisa se dedicar exclusivamente à religião |
Casas de Candomblé podem cobrar pelos trabalhos realizados | A Umbanda geralmente não cobra pelos serviços prestados |
História do Candomblé no Brasil
O Candomblé é a prática religiosa baseada nas crenças africanas trazidas ao Brasil pelos escravos, sendo assim uma religião afro-brasileira. A história do Candomblé se mistura com o catolicismo devido à repressão religiosa durante o período colonial. Para continuar praticando sua fé, os escravos associavam os orixás às imagens de santos católicos, o que resultou no sincretismo observado no Brasil, algo que não ocorre na África.
Hoje em dia, algumas casas de Candomblé rejeitam o sincretismo e buscam resgatar as raízes africanas originais. Além disso, a versão brasileira reúne orixás de várias partes da África, refletindo a diversidade dos povos escravizados que chegaram ao país.
O Candomblé começou a se consolidar como prática religiosa na Bahia por volta do século XVIII e se estabeleceu no século XX. Atualmente, há milhões de praticantes espalhados por todo o Brasil, representando cerca de 1,5% da população.
Para preservar essa herança cultural, a Lei Federal 6292 de 1975 estabeleceu a proteção de alguns terreiros de Candomblé como patrimônio cultural do Brasil.
Rituais do Candomblé
Os rituais de Candomblé são realizados com cantos, danças, batidas de tambores, oferendas de alimentos, minerais e objetos, e, em algumas ocasiões, sacrifícios de animais. Os participantes devem usar roupas específicas que correspondem às cores e guias (colares sagrados) do seu orixá, e cada orixá tem dias da semana, cores, objetos e alimentos próprios para seus rituais.
As cerimônias podem reunir dezenas ou centenas de pessoas, dependendo do tamanho do terreiro. A limpeza e a pureza dos ambientes e alimentos são essenciais, pois tudo deve estar purificado para receber o orixá.
Os rituais são conduzidos em terreiros ou roças, sendo liderados por um “pai de santo” (babalorixá) ou “mãe de santo” (iyalorixá), com a sucessão desses líderes geralmente seguindo a linhagem hereditária. No entanto, desentendimentos sobre a sucessão podem levar ao fechamento de alguns terreiros.
Os iniciados no Candomblé levam cerca de sete anos para completar sua formação religiosa.
Orixás Cultuados no Candomblé
Os orixás são divindades que representam forças da natureza e energias cósmicas. Eles desempenham papéis essenciais no culto quando são incorporados por praticantes experientes, com cada orixá tendo sua própria personalidade, habilidades, preferências rituais e elementos naturais associados.
O deus supremo no Candomblé varia conforme a tradição africana: Olorum entre os Ketu, Nzambi entre os Bantus e Mawu entre os Jeje. Existem muitos orixás, mas os mais venerados no Brasil são:
Exu
- Dia: Segunda-feira
- Cores: Vermelho e Preto
- Saudação: Laroiê
- Símbolo: Sete ferros verticais
Ogum
- Dia: Terça-feira
- Cor: Azul escuro
- Saudação: Ogunhê
- Símbolo: Espada de ferro
Oxóssi
- Dia: Quinta-feira
- Cor: Azul turquesa
- Saudação: O Kiarô!
- Símbolo: Arco e flecha
Xangô
- Dia: Quarta-feira
- Cores: Vermelho, branco e marrom
- Saudação: Kaô Kabiesilê
- Símbolo: Machado de lâmina dupla
Iansã
- Dia: Quarta ou segunda-feira
- Cores: Vermelho e marrom
- Saudação: E Parrei!
- Símbolo: Rabo de cavalo com cabo de ferro
Oxum
- Dia: Sábado
- Cor: Dourado
- Saudação: Ora ieiê ô!
- Símbolo: Espelho
Iemanjá
- Dia: Sábado
- Cores: Branco e azul
- Saudação: Odoiá!
- Símbolo: Espelho
Oxalá
- Dia: Sexta-feira
- Cor: Branco
- Saudação: Epa Babá!
- Símbolo: Cajado (paxorô)
O Candomblé continua sendo uma das tradições religiosas mais ricas do Brasil, preservando valores e costumes ancestrais enquanto adapta-se às mudanças contemporâneas.